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Como ler uma DRE: contabilidade para investidores

Papéis contábeis espalhados em uma mesa

No artigo de hoje vamos falar sobre o que é DRE e como podemos entender esse documento para que possamos escolher as melhores empresas para investir. 

Empresas listadas em bolsa de valores são obrigadas a divulgar publicamente de três em três meses seus demonstrativos financeiros para que investidores possam acompanhar como essas empresas estão se desempenhando financeiramente. 

Por causa desse intervalo os demonstrativos são chamados de resultados trimestrais e aparecem como siglas, como 1T19, 2T19, 3T19. Esse 19 no final é relativo ao ano de 2019 e o número e letra na frente diz respeito a numeração do trimestre. Dentre os demonstrativos financeiros estão a DRE, o balanço patrimonial e o fluxo de caixa.

O que é DRE?

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é o documento contábil que as empresas se utilizam para mostrar como foram seus  lucros ou prejuízos em um certo período. Neste documento estão relatados todas as despesas, custos, impostos e lucros que a empresa teve no período. 

Assim como um orçamento nos ajuda a ver para onde nosso dinheiro está indo, a DRE mostra para a empresa como eles estão usando seu dinheiro. Essa visão permite que os gestores da empresa tomem melhores decisões na administração desse dinheiro.

Para os investidores, a informação mais importante de uma DRE é o lucro, pois pode-se saber quanto de remuneração será recebido. Essa remuneração pode ser feita através de dividendos ou reinvestimento no crescimento da empresa.  

Os demonstrativos financeiros são basicamente o principal meio de comunicação entre as empresas e os seus acionistas. Logo, quem entra na bolsa de valores com uma visão de virar sócio das empresas, investindo para o longo prazo, precisa saber o mínimo da linguagem contábil usada nesses documentos para analisar melhor suas escolhas de aporte.

Quer saber como analisar ações? Temos um guia completo sobre o assunto.

Estrutura da DRE

Resumidamente, a DRE mostra quando a empresa teve de receita, quais foram as despesas e impostos que ela pagou e por fim quanto dinheiro sobrou de lucro final. 

De uma forma simplificada, a estrutura de uma DRE é a seguinte: 

(=) RECEITA BRUTA

(-) Impostos, Devoluções e Descontos

(=) RECEITA LÍQUIDA

(-) Custo dos Produtos Vendidos

(=) LUCRO BRUTO

(-) Despesas de Vendas, Gerais e Administrativas

(=) EBITDA

(-) Depreciação e Amortização

(=) EBIT

(-/+) Resultado Financeiro

(=) LAIR

(-) Imposto de Renda

(=) Lucro Líquido

Para entender melhor essa estrutura, vamos falar um pouco mais dela por partes:

Receita Bruta

A receita bruta é basicamente tudo que a empresa vendeu, podendo ser produtos ou serviços. Esse indicador mostra quando a empresa está faturando em vendas no trimestre. Isso é importante pois podemos perceber se as vendas aumentaram ou diminuíram de um período para o outro. 

A Receita bruta é o primeiro valor que aparece em uma DRE. 

Receita Líquida

Depois de subtrair da receita bruta os impostos com venda, os descontos dados e as devoluções de produtos temos a receita líquida. Esse indicador mostra de forma mais realista quanto a empresa teve de receita. 

Lucro Bruto

O lucro bruto é contabilizado depois de subtrair o custo dos produtos vendidos. Esse custo envolve tudo relacionado à fabricação dos produtos da empresa. Por exemplo, a M Dias Branco fabrica bolachas, para este produto ficar pronto é necessário funcionários operando as máquinas, eletricidade para a fábrica funcionar, a matéria prima para fazer o produto etc. Todo esse custo pode ser calculado e é descontado para poder chegar ao lucro bruto da empresa. Por causa disso, esse indicador é chamado de ‘resultado do chão de fábrica’.

O termo ‘custo’ é atribuído especificamente ao dinheiro gasto com o produto da empresa, diferente das ‘despesas’ que são os gastos não atribuídos aos produtos, como veremos a seguir.

EBITDA

EBITDA é a sigla em inglês para Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization). Aqui no Brasil também podemos ver esse indicador como LAJIDA.

Do lucro bruto são descontados devoluções e descontos, custo dos produtos vendidos e despesas de vendas, gerais e administrativas até chegar ao EBITDA. Essas despesas são aquelas que acontecem fora das fábricas, abrangendo o salário dos vendedores dos produtos e dos administradores da empresa, a locomoção dos produtos, o aluguel dos imóveis que a empresa ocupa etc.

O EBITDA é, a grosso modo, o que a operação da empresa gerou naquele determinado período. Porém, é preciso atentar que esse indicador não considera os investimentos financeiros, empréstimos e impostos pagos pelo negócio.

Assim, o EBITDA mostra apenas quanto as operações do empreendimento geram; mesmo se o negócio tenha investimentos financeiros que geram juros (que aumentam o lucro), e que pague impostos empresariais (que diminuem o lucro) isso não vai entrar no EBITDA. 

Com esse indicador podemos notar se a empresa está se tornando mais eficiente (EBITDA aumentando), se ela está estagnada (EBITDA relativamente constante), ou se ela está se tornando ineficiente (EBITDA caindo).

O EBITDA é importante pois mostra de maneira clara se o negócio está operando de forma saudável (lucrativa) e se essa operação está melhorando no decorrer dos anos.

É por isso que o EBITDA é tão usado para comparar empreendimentos do mesmo setor. Servindo até mesmo para comparar empresas de países diferentes, que possuem cobranças de imposto empresarial diferentes.

EBIT

Diminuindo a depreciação e amortização do EBITDA chegamos ao EBIT (Earnings Before Interest and Taxes). Essas despesas envolvem maquinários, caminhões, imóveis de escritório que ficam velhos e precisam ser substituídos pela empresa. Contabilmente, a depreciação desses bens é calculada ano a ano. 

Também existem as regras do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) que padronizam quantos anos um bem leva para se depreciar, ou seja, quanto tempo de vida útil tem cada bem como, carros, máquinas, etc. Logo, a empresa lança na DRE a cada ano, quanto aquele bem se depreciou. Dizemos também que essa é uma despesa não-caixa, pois ela não vai sair do caixa da empresa até que ela tenha que comprar outro bem parecido.

Assim, depreciação é uma despesa em cima de um bem real ou tangível, como móveis, prédios, caminhões etc, e a amortização é a depreciação de um ativo intangível, ou seja, sem substância física como marcas e patentes, direitos autorais adquiridos, softwares etc

Desse modo, o EBIT mostra o lucro antes de juros e impostos, depois que subtraímos o EBITDA desses gastos com depreciação e amortização.

LAIR 

Diminuindo ou somando o EBIT do resultado financeiro chegamos aos LAIR (Lucro Antes Do Imposto De Renda). Nesse momento é somado ou subtraído o resultado financeiro. Esse resultado não está necessariamente ligado às operações da empresa, mas sim com a relação à aquisição de dívida e ao  patrimônio da empresa. 

Dentro do resultado financeiro estão as receitas financeiras e as despesas financeiras. As receitas são todo o capital da empresa que estava investido e os lucros obtidos durante o período. Ao passo que as despesas financeiras são os juros dos empréstimos que a empresa tem que pagar caso ela tenha pedido dinheiro emprestado.

Assim, essa parte não está relacionada a operação da empresa, mas sim ao capital dessa empresa. Nessa parte, podemos ver se a empresa está muito alavancada, ou seja, se ele tem muitas dívidas ou se ela tem muito dinheiro em caixa aplicado em investimentos. 

Lembrando que não é ruim que uma empresa tenha dívidas. Na verdade é até bom pois assim ela paga menos imposto. Como o nome já diz, o imposto vai ser descontado do LAIR (Lucro Antes Do Imposto De Renda), logo, quanto menor o LAIR menor o imposto pago ao governo. O imposto de renda gira em volta de 34% do LAIR, dependendo do setor no qual a empresa está inserida.

Lucro Líquido

O lucro líquido é o indicador mais importante, pois ele mostra quanto do lucro resta para os acionistas, ou seja, para os investidores. Depois de pagar o imposto de renda, tudo que sobra é  o lucro líquido.

Esse lucro líquido pode ter duas destinações: a empresa pode distribuí-lo na forma de dividendos ou ela pode reinvestir em suas operações e aumentar sua rentabilidade. Ambos os casos são bons para os acionistas pois ou vai ocorrer uma distribuição que vai cair na conta da corretora deles ou o negócio vai expandir e ficar cada vez maior, aumentando o patrimônio dos acionistas.

Boas empresas mantém um lucro líquido consistente e crescente no decorrer dos anos.

Conclusão 

A DRE é o documento em que podemos ver quanto uma empresa fatura com suas operações e quanto ela paga para manter seu funcionamento. Dentre os dados mais importantes da DRE está o lucro líquido, indicador que mostra quanto a empresa pode oferecer como remuneração para seus acionistas. Quem investe em ações para o longo prazo precisa entender essa demonstração contábil pois ela é a maneira como as empresas se comunicam com o seus acionistas.

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Obrigada. 

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