Um investimento que está em alta esse ano são os COEs. Há um grande apelo de corretoras de valores e YouTubers para a divulgação desse produto, mas antes de começar a investir pela indicação de corretoras é preciso saber o que é COE e, principalmente, porque, na maioria das vezes, você precisa ficar longe dele.
O que é COE e porque você precisa ficar longe dele
COE é a sigla para Certificado de Operações Estruturadas. Esse investimento mistura produtos de Renda Fixa com os de Renda Variável. O COE é inspirado nas Notas Estruturadas americanas e europeias, que é um título de dívida que também contém um componente derivativo embutido que ajusta no perfil de risco / retorno da segurança. Esses produtos são bastante complexos e o investidor precisa de um conhecimento de finanças mais aprofundado para entendê-los completamente.
Quer saber como analisar ações? Temos um guia completo sobre o assunto.
Os bancos são os principais emissores dos COEs. Basicamente, corretoras ou bancos que estruturam um COE recolhem dinheiro dos possíveis investidores e alocam grande parte em Renda Fixa e uma parte menor em Renda Variável. É por isso que eles dizem que o COE é um investimento que “preserva” o capital investido.
Exemplo:
Para exemplificar essa estrutura, podemos dizer que ao investir 5,000 reais em um COE de 2 ano de duração, 4,000 reais desse dinheiro vai para um investimento em Renda Fixa com a duração semelhante ao vencimento do COE e 1,000 reais vai ser usado para produtos de Renda Variável e comissão para o banco. Segundo o site Bússola do Investidor, essa comissão ou custo pode chegar a mais de 2% do valor investido.
A parte menor da Renda Variável, tem a chance de “performar melhor” e ganhar um pouco mais de dinheiro. Mas há chances que os produtos de Renda Variável (ações, índices, moedas, commodities, derivativos e muitas outras) que seu COE comprou não subam e não haja nenhum retorno gratificante. Fazendo com que você receba a mesma quantidade de dinheiro investido, sem correção de inflação.
Além disso, outra característica do COE é que ele vai prender seu dinheiro durante 1, 2 ou 3 anos, por exemplo, que ele estará maturando. Assim, você apenas pode recuperar seu dinheiro na data de vencimento do investimento.
Tributação
Com relação a tributação, por ser um produto de Renda Fixa, os impostos do investimento serão descontados do lucro e seguirão a tabela regressiva de imposto mostrada abaixo:
Até 180 dias | 22,5 % |
Entre 181 a 360 dias | 20,0 % |
Entre 361 a 720 dias | 17,5 % |
Mais que 720 dias | 15,0 % |
Fonte: Blog do investidor
Tipos de COE
Atualmente, existem dois tipos de COE:
- COE com Valor Protegido: garante o capital investido;
- COE com Valor em Risco: existe possibilidade de perda do capital investido (é importante lembrar aqui que você não ficará endividado caso tudo der errado, você só perde o dinheiro que você investiu)
Mas, diferentemente de outros produtos de Renda Fixa como a LCI, a LCA ou o CDB , o COE NÃO possui a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é um seguro de 250 mil reais que o Banco Central oferece ao investidor. Ou seja, se o banco que emitiu seu COE quebrar, não há garantia de retorno do seu dinheiro.
Por que investir em COE pode ser uma furada?
Complexidade
Os produtos estruturado são bastante complexos e dentro desse pacote de Renda Fixa e Renda Variável podem estar embutidos alguns custos com valores abusivos que o cliente não consegue enxergar. Por isso, é primordial, se você quer investir em um COE, leia atentamente o Documento de Informações Essenciais (DIE) que deve ser apresentado obrigatoriamente para o cliente. Normalmente, as corretoras ou bancos vendem COEs com Valor Protegido para ter o argumento que “você terá seu dinheiro de volta se tudo der errado”.
Falta de transparência
A falta de transparência é a primeira característica que deve ser verificada pelo investidor antes de fazer qualquer compra. Se você não sabe muito bem o que está acontecendo dentro do investimento, provavelmente não poderá notar se houver uma má administração ou uma perda de capital. Por isso que a B3 é tão exigente com as empresas listadas em Bolsa de Valores, por exemplo, pois os investidores devem ter acesso a todas as informações das empresas listadas de forma clara e sem disfarces.
Fórmula Black & Scholes
Outro argumento usado contra os COEs, é o do analista Tiago Reis, com relação aos derivativos envolvidos no COE. Para o analista, existe um spread, ou como ele define, uma “diferença de custo para o emissor/distribuído e o preço que ele pratica com o investidor” que é associado a fórmula Black & Scholes. Essa fórmula é aplicada para os derivativos e permite o cálculo aproximado do valor de um derivativo. Ao aplicar essa fórmula em COEs, Tiago observou que o valor oferecido pelos emissores de alguns COEs, é bem mais caro do que o preço do próprio derivativo associado a ele.
Para você ter uma ideia da complexidade dos cálculos, a fórmula Black & Scholes é essa abaixo:
Conclusão
Para concluir, como sempre enfatizamos aqui no blog, SABER no que você está investindo é primordial! Então, nada de sair por aí investindo em coisas que “alguém recomendou“. Afinal de contas, ninguém vai cuidar melhor do seu dinheiro como você mesmo. E ninguém sabe melhor das suas necessidades e metas como você.
Gostou do artigo de hoje? Conseguiu entender o que é um COE? Comente aqui embaixo!
Obrigada!